Expressividade emocional da criança e expressividade emocional atribuída às personagens nas narrativas das crianças maltratadas e não maltratadas
Abstract
Este estudo tem como objetivo analisar a expressividade emocional, nas narrativas das crianças maltratadas e não maltratadas. Participaram, nesta investigação, 100 crianças, entre os 5 e os 8 anos. Destas, 50 sofreram experiências de mau-trato e encontravam-se institucionalizadas, enquanto as restantes 50 não sofreram mau-trato e viviam com a família biológica. Foi apresentado às crianças um conjunto de seis inícios de histórias, que lhes era pedido para completar. A intensidade da expressividade emocional da criança e da expressividade atribuída às personagens, bem como a coerência entre ambas, foi analisada com base no Sistema para Codificar as Emoções na Attachment Story Completation Task. Foram, também, avaliadas a competência cognitiva verbal e não-verbal das crianças. Não foi observado um efeito do mau-trato na expressividade emocional, mas foi observado um efeito estatisticamente significativo da competência cognitiva não-verbal na expressividade emocional negativa da criança. Os resultados deste estudo apontam para a existência de semelhanças entre os dois grupos de crianças e enfatizam a importância de as intervenções dirigidas à promoção da competência emocional incluírem o treino da competência cognitiva.
Keywords
Full Text:
PDF (Português (Portugal))References
Anglin, J. P. (2002). Pain, normality and the struggle for congruence: Reinterpreting residential care for children and youth. Binghamton, NY: The Haworth Press.
Ayoub, C., O’Connor, E., Rappolt-Schlichtmann, G., Fischer, K., Rogosh, F., Toth, S., & Cicchetti, D. (2006). Cognitive and emotional differences in young maltreated children: A translational application of dynamic skill theory. Development and Psychopathology 18, 679-706. doi: 10.10170S0954579406060342
Bretherton, I., Oppenheim, D., Buchsbaum, H., Emde, R., & MacArthur Transition Network Narrative Group (1990). MacArthur Story Stem Battery. Manual não publicado.
Bonanno, G., Galea, S., Bucciarelli, A., & Vlahov, D. (2007). What predicts psychological resilience after disaster? The role of demographics, resources, and life stress. Journal of Consulting and Clinical Psychology, 75, 671–682. doi: 10.1037/0022-006X.75.5.671
Bradley, R., & Corwyn, R. (2002). Socioeconomic status and child development. Annual Review of Psychology, 52, 371-399.
Cicchetti, D., & Curtis, W. J. (2005). An event-related potential (ERP) study of processing of affective facial expressions in young children who have experienced maltreatment during the first year of life. Development and Psychopathology, 17, 641-677. doi: 10.1017/S0954579405050315
Cicchetti, D., & Rogosch, F. (2001). The impact of child maltreatment and psychopathology upon neuroendocrine functioning. Development and Psychopathology, 13, 783–804.
Cole, P., Michel, M., & Teti, L. (1994). The development of emotion regulation and dysregulation: A clinical perspective. Monographs of the Society for Research in Child Development, 59, 73-100.
Ekman, P. (1992). An argument for basic emotions. Cognition & Emotion, 6, 169–200.
Erickson, M., Egeland, B., & Pianta, R. (1989). The effects of maltreatment on the development of young children. In D. Cicchetti & V. Carlson (Eds.), Child maltreatment: Theory and research on the causes and consequences of child abuse and neglect (pp. 647-684). Cambridge: University Press.
Ferreira, B., Maia, J., Pinto, A., Santos, A. J. & Fernandes, C. (2010, fevereiro). Qualidade dos modelos internos de vinculação e a expressividade emocional em crianças de idade pré-escolar. In M. Veríssimo, A. J. Santos (Coords), A natureza das primeiras relações de vinculação e as suas implicações para o desenvolvimento social da criança. Simpósio realizado no VII Simpósio Nacional de Investigação em Psicologia, Braga.
Ferreira, B., Maia, J., Veríssimo, M., & Santos, A. J. (2009). Sistema de classificação da expressão emocional durante a prova ASCT. Manual não publicado.
Frijda, N. H. (1986). The emotions. Cambridge: Cambridge University Press.
Gaensbauer, T. (1982). Regulation of emotional expression in infants from two contrasting caretaker environments. Journal of American Child and Adolescent Psychiatry, 21, 163-171.
Gaensbauer, T., & Hiatt, S. (1984). Facial communication of emotion in early infancy. In N. A. Fox & R. J. Davidson (Eds.), The psychopathology of affective development (pp. 207–230). Hillsdale, NJ: Erlbaum.
Gaensbauer, T., Mrazek, D., & Harmon, R. (1981). Behavioral observations of abused and/or neglected infants. In N. Frude (Ed.), Psychological approaches to the understanding and prevention of child abuse (pp. 120-135). London: Concord Books.
Knorth, E., Harder, A., Zandberg, T., & Kendrick, A. (2008). Under one roof: A review and selective meta-analysis on the outcomes of residential child and youth care. Children and Youth Services Review, 30, 123–140. doi: 10.1016/j.childyouth.2007.09.001
Koizumi, M., & Takagishi, H. (2014). The relationship between child maltreatment and emotion recognition. Plos One, 9. doi: 0.1371/journal.pone.0086093
Lazarus, R. S. (1991). Emotion and adaptation. New York: Oxford University Press.
Levenson, R. (1988). Emotion and the autonomic nervous system: A prospectus for research on autonomic specificity. In H. L. Wagner (Eds.), Social psychophysiology and emotion: Theory and clinical applications (pp. 17-42). Cichester: Wiley.
Lewis, M. (2008). The emergence of human emotions. In M. Lewis, M. Jones, & L. Barrett (Eds.), Handbook of emotions (pp. 304-319). New York: The Guilford Press.
Pears, K., & Fisher, P. A. (2005). Emotion understanding and theory of mind among maltreated children in foster care: Evidence of deficits. Development and Psychopathology, 17, 46-65.
Pollak, S., Cicchetti, D., Hornung, K., & Reed A. (2000). Recognizing emotion in faces: developmental effects of child abuse and neglect. Developmental Psychology, 36, 679-688. doi: 10.1037//0012-1649.36.5.679
Pollak, S. D., Cicchetti, D., & Klorman, R. (1998). Stress, memory, and emotion: Developmental considerations from the study of child maltreatment. Development and Psychopathology, 10, 511–828.
Pollak, S. D., & Kistler, D. J. (2002). Early experience is associated with the development of categorical representations for facial expressions of emotion. Proceedings of the National Academy of Sciences USA, 99, 9072–9076.
Pollak, S. D., Klorman, R., Thatcher, J. E., & Cicchetti, D. (2001). P3b reflects maltreated children’s reactions to facial displays of emotion. Psychophysiology, 38, 267–274. doi: 10.1111/1469-8986.3820267
Raven, J., Court, J., & Raven, J. (1986). Manual for Raven’s Progressive Matrices and Vocabulary Scales: General Overview. London: H.K. Lewis.
Rebelo, A., Verissimo, M., Maló-Machado,P. & Silva, F. (2013). A segurança dos modelos internos e o conhecimento emocional nas crianças de idade pré-escolar. Psicologia, Reflexão e Crítica, 26, 591-598. 10.1590/S0102-79722013000300019
Rhea, P., Hernandez, R., Taylor, L., & Johnson, K. (1996). Narrative development in late talkers: Early school age. Journal of Speech and Hearing Research, 39, 1295-1303. doi: 0022-4685/96/3906-1295
Saarni, C. (1999). The development of emotional competence. New York: Guilford Press.
Scherer, K. R. (2001). Appraisal considered as a process of multilevel sequential checking. In K. R. Scherer, A. Schorr, & T. Johnstone (Eds.), Appraisal processes in emotion: Theory, methods and research (pp. 92-120). New York, NY: Oxford University Press.
Shamir, H., Schudlich, T., & Cummings, M. (2001). Marital conflict, parenting styles, and children's representations of family relationships. Parenting: Science and Pratice, 1, 123-151. doi: 10.1080/15295192.2001.9681214
Shipman, K., Schneider, R., Fitzgerald, M., Sims, C., Swisher, L., et al. (2007). Maternal emotion socialization in maltreating and nonmaltreating families: implications for children’s emotion regulation. Social Development, 16, 268–85.
Shipman, K. L., & Zeman, J. (2001). Socialization of children’s emotion regulation in mother–child dyads: A developmental psychopathology perspective. Development and Psychopathology, 13, 317–336.
Simões, M. (2000). Investigações no âmbito da Aferição Nacional do Teste das Matrizes Progressivas Coloridas de Raven (M.P.C.R). Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian & Fundação para a Ciência e Tecnologia.
Simões, M. (2002). Utilizações da WISC-III na avaliação neuropsicológica de crianças e adolescentes. Paidéia, 12 (23), 113-132.
Smith, C., & Kirby, L. (2009). Putting appraisal in context: Toward a relational model of appraisal and emotion. Cognition and Emotion, 23, 1352-1372.
Sroufe, A. (1997). Emotional development: The organization of emotional life in the early years. New York: Cambridge University Press.
Sullivan, M., Carmody, D., & Lewis, M. (2010). How neglect and punitiveness influence emotion knowledge. Child Psychiatry and Human Development, 41, 285-298. doi:10.107/s10578-009-0168-3
Toth, S., Maughan, A., Manly, J., Spagnola, M., & Cichetti, D. (2002). The relative efficacy of two interventions in altering maltreated preschool children’s representational models: Implications for attachment theory. Development and Psychopathology, 14, 877-908. doi: 10.1017.S095457940200411X
Wechsler, D. (2003). Escala de Inteligência de Wechsler para Crianças – Terceira Edição (WISC-III) [Manual]. Lisboa: Cegoc. [Adaptação portuguesa M. R. Simões, A. M. Rocha e C. Ferreira; colaboração de M. J. Seabra Santos, Cristina Albuquerque, Marcelino Pereira e Leandro Almeida].
Weiss, B., Dodge, K., Bates, S., & Pettit, G. (1992). Some consequences of early harsh discipline: Child aggression and a maladaptive social information. Child Development, 63, 1321-1335.
DOI: https://doi.org/10.14417/ap.1065
Refbacks
- There are currently no refbacks.
Nº ERC: 107494 | ISSN (in print): 0870-8231 | ISSN (online): 1646-6020 | Copyright © ISPA - CRL, 2012 | Rua Jardim do Tabaco, 34, 1149-041 Lisboa | NIF: 501313672 | The portal and metadata are licensed under the license Creative Commons CC BY-NC